Jorge Costa e Pinto da Costa: Da Glória à Ruptura que Nunca Sarou
Jorge Costa, eterno capitão do FC Porto, faleceu inesperadamente aos 53 anos, vítima de uma paragem cardiorrespiratória. A sua partida deixou um vazio entre os adeptos e no mundo do futebol, mas também trouxe à tona a rutura definitiva com Pinto da Costa, o presidente com quem viveu os seus anos mais marcantes.
Um Símbolo Incontornável do FC Porto
Nascido na Foz do Douro em outubro de 1971, Jorge Costa tornou-se uma das maiores figuras do FC Porto. Entre 1992 e 2005, vestiu a camisola azul e branca em 383 jogos oficiais, tendo sido capitão durante várias épocas. Foi parte fundamental nas conquistas da Liga dos Campeões, Taça UEFA, Taça Intercontinental, oito campeonatos nacionais, cinco Taças de Portugal e cinco Supertaças.
Além do FC Porto, destacou-se também ao serviço da Seleção Nacional, somando 50 internacionalizações e fazendo parte da equipa que venceu o Mundial sub-20 de 1991, ao lado de jogadores como Rui Costa, Luís Figo e Fernando Couto.
Uma Paixão que Nunca Abandonou o Futebol
Após pendurar as chuteiras no Standard de Liège, Jorge Costa planeava uma reforma tranquila. Comprou um barco e preparava-se para aproveitar o descanso merecido. Mas a paixão pelo futebol falou mais alto. Uma chamada de Jorge Mendes levou-o a aceitar o cargo de treinador no SC Braga — e assim começava uma nova fase.
Como treinador, passou por clubes portugueses como Braga, Paços de Ferreira, Aves e Académico de Viseu. Também deixou a sua marca em países tão distintos como Roménia, Índia, Chipre e Gabão.
A Ruptura com Pinto da Costa
Apesar de tudo o que partilharam, os últimos anos da sua vida ficaram marcados por uma divisão irreparável com Pinto da Costa. Na última eleição para a presidência do FC Porto, em 2024, Jorge Costa surpreendeu ao apoiar publicamente André Villas-Boas, rompendo assim com o homem que o havia lançado e apoiado durante décadas.
Durante a campanha, Jorge afirmou:
"É certo e seguro que ninguém está acima do FC Porto. A pior coisa que pode acontecer ao clube é esta desunião."
As palavras caíram como uma bomba no universo portista. Fernando Madureira, figura conhecida dos Super Dragões, acusou-o de traição. Pinto da Costa, por sua vez, cortou completamente relações.
Um Regresso Silencioso
Com a vitória de Villas-Boas, Jorge Costa regressou ao FC Porto como diretor de futebol das equipas profissionais, afastado dos holofotes e centrado em contribuir para a renovação do clube. A reconciliação com Pinto da Costa nunca aconteceu. Nem mesmo após a morte do antigo presidente, em 2025, onde, apesar de todas as diferenças, Jorge Costa marcou presença nas cerimónias fúnebres — um gesto de respeito e carácter.
A Morte de um Capitão
Na véspera da sua morte, Jorge Costa participou num programa desportivo. Horas depois, começou a sentir-se mal e acabou por falecer subitamente. A sua morte abalou o universo futebolístico e foi acompanhada por inúmeras homenagens.
No entanto, o funeral ficou marcado pela ausência da família de Pinto da Costa, o que gerou desconforto entre antigos colegas e adeptos. Foi a prova de que, mesmo no momento da despedida, as feridas entre ambos nunca cicatrizaram.
Reflexão Final
A vida de Jorge Costa foi feita de paixão, lealdade, coragem — mas também de escolhas difíceis. A sua rutura com Pinto da Costa não apaga tudo o que viveram juntos, mas mostra como o futebol, tal como a vida, pode separar até os mais unidos quando entram em jogo princípios, ideais e convicções.
Num desporto onde tantas vezes se fala de valores, talvez o maior legado de Jorge Costa seja este: manteve-se fiel a si próprio, mesmo que isso lhe tenha custado relações preciosas. Partiu cedo, mas deixou uma marca eterna no FC Porto e no coração de quem o viu jogar.
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