A Última Homenagem a Jorge Costa Marcada pela Ausência dos Pinto da Costa
Durante muitos anos, Jorge Costa foi mais do que um símbolo do FC Porto — foi um verdadeiro embaixador dos valores do clube dentro e fora do campo. A sua relação com Pinto da Costa, então presidente e figura maior dos dragões, era vista como sólida e baseada em admiração mútua. No entanto, esse laço viria a ser quebrado de forma inesperada e definitiva, provocando divisões que persistiram até ao fim das suas vidas.
Da Glória à Ruptura
A ligação entre Jorge Costa e Pinto da Costa parecia inabalável. O central, apelidado de "bicho" pela sua garra em campo, representava o espírito portista e contava com a confiança total do presidente. Mas tudo mudou aquando da última campanha eleitoral à presidência do FC Porto.
Numa decisão que surpreendeu muitos, Jorge Costa declarou publicamente o seu apoio a André Villas-Boas, adversário direto de Pinto da Costa nas eleições de 2024. A sua posição não passou despercebida — foi criticado por figuras ligadas ao clube, incluindo Fernando Madureira, ex-líder dos Super Dragões, que o acusou de traição.
Durante a campanha, Jorge Costa justificou a sua escolha com palavras fortes:
"É certo e seguro que ninguém está acima do FC Porto. A pior coisa que pode acontecer ao clube é esta desunião."
Com esta afirmação, deixava clara a sua convicção de que era necessário um novo rumo, mesmo que isso implicasse cortar laços com o passado.
Reaproximação ao Clube, Mas Nunca ao Presidente
A vitória de Villas-Boas trouxe Jorge Costa de volta ao clube. Após anos de afastamento, foi-lhe atribuída a função de diretor de futebol das equipas profissionais. Ainda assim, a reconciliação com Pinto da Costa nunca aconteceu. O silêncio entre ambos manteve-se até à morte do antigo presidente no início de 2025.
Apesar da distância e dos desentendimentos, Jorge Costa fez questão de estar presente nas cerimónias fúnebres de Pinto da Costa. Um gesto que demonstrou respeito e humanidade, independentemente das divergências do passado.
Uma Ausência Sentida
Meses depois, seria a vez de Jorge Costa partir. O seu funeral, realizado na Igreja de Cristo Rei, foi marcado por uma cerimónia comovente e pela dor visível da família, especialmente dos filhos, que não esconderam as lágrimas perante a perda irreparável.
Contudo, algo gerou desconforto no seio da comunidade azul e branca: a total ausência da família de Pinto da Costa nas cerimónias fúnebres de Jorge Costa. Nem no velório, nem no funeral, houve qualquer representação, o que muitos interpretaram como uma decisão deliberada e fria, refletindo feridas que jamais sararam.
Reflexão Final
A história de Jorge Costa e Pinto da Costa é um espelho da complexidade das relações humanas — onde a admiração pode dar lugar à mágoa, e o respeito pode subsistir mesmo depois da rutura. O futebol, tal como a vida, é feito de escolhas, lealdades e, por vezes, de divisões profundas.
O tempo não foi suficiente para curar a ferida entre os dois. No entanto, resta-nos olhar para este capítulo com maturidade e retirar uma lição: por mais que as diferenças nos afastem, o respeito pelo legado e pelas pessoas deve prevalecer. Porque no fim, todos partimos — e o que fica são as memórias, as ações e, acima de tudo, a forma como decidimos despedir-nos.
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